Acolher para deixar partir

Quero deixar, em 2023, o que não me serve mais. Mas não como uma "roupa velha" ou um "sapato apertado e gasto". Porque as roupas e os sapatos podem ser passados adiante. Sempre haverá quem precise do que nos parece inútil e obsoleto.

Quero deixar, no passado, aquilo que não desejo a ninguém. Mesmo sabendo que uma "mudança de calendário" não seria capaz de tanto. Para maias, chineses, árabes e judeus nada muda ao final do dia de hoje. Então, como posso "mudar" apenas com o fim de um dia e o começo de outro?

O que subjaz em nosso inconsciente é o sentimento de que encerramos mais um ciclo. Algo que é particular com a chegada do nosso aniversário, mas se torna coletivo em todo dia 31 de dezembro. E, talvez, seja justamente isso: "a expressão de uma coletividade", que torne esta data algo tão simbólico, no sentido de uma mudança para além do nosso esforço individual.

Quero deixar para trás aquilo que já não gostaria de ter levado comigo em anos anteriores, mas sei que os espectros que me acompanham, de outros tempos, parecem estar seguindo calendários diferentes. Então, resolvi que não vou abandoná-los simplesmente. Vou convidá-los a passar esta data comigo.

A verdadeira "mudança", em 2024, reside no fato de que nos dará uma oportunidade a mais. Serão 366 dias para, primeiro, acolher o que não nos serve mais. Afinal, esta é a única forma de realmente seguir em frente.

Eduardo Silveira de Menezes
Enviado por Eduardo Silveira de Menezes em 31/12/2023
Código do texto: T7965776
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