Adega Flutuante

Beijemos o vinho na dor dos desamores. Beijemos o vinho, meu coração arde em pranto. Beijemos o vinho enquanto a taça se enche.

Não há melhor remédio do que se perder na embriaguez da uva tinta envelhecida e fermentada, tal qual o sangue que corre em minhas veias.

Vinho tinto e suave. Cantemos o cântico da solidão e saudemos o sofrimento das noites frias e vazias.

Sinto o frio enregelar meus ossos e o gosto fúnebre do desprezo e da solidão escorrem por minhas lágrimas.

Sorvendo mais um gole do néctar sagrado, vejo a chuva pela janela. Não mais uma palavra... Sussurros inexprimíveis e sentir já não é mais algo compreensível, de acordo com a lógica humana...

Bebo o último gole da taça, já basta! Olho-me no espelho sem reconhecer a minha própria figura.

O néctar se extinguiu das fontes não resta mais nada, a adega está vazia...