Se eu pudesse brincar com a lua

Se eu pudesse brincar com a lua,

faria ela escorregar pela fiação elétrica.

Deixaria que se escondesse e paralisaria o tempo no exato momento em que ela se revelasse no céu.

Para não deixá-la fugir nunca mais, a

prenderia entre dois fios de alta tensão.

Enquadraria ela de modo a tornar-se única, em um cenário caótico e desagradável, ressaltando, pelo contraste, a beleza da luz que não é artificial.

Como o instante decisivo da fotografia, sei que

nenhum momento pode retornar.

O tempo passa e tudo muda.

A lua já não é mais nova, é crescente.

Em breve será cheia e, depois, se tornará minguante.

Tudo são ciclos.

Acontece com a lua.

Acontece com a vida

Foi, agora é, amanhã já não é mais.

Quando era criança gostava de fingir que, lá de cima,

a lua também nos via.

Com o tempo, perdi este hábito.

Deve ser porque ninguém gosta de olhar sem ser notado.

Hoje, por um momento, tive de novo a sensação de que ela nos vê. Talvez eu nunca vá saber a verdade, mas não perco a esperança de que, um dia, eu ainda vá poder brincar com ela...

Eduardo Silveira de Menezes
Enviado por Eduardo Silveira de Menezes em 21/01/2024
Código do texto: T7981684
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