bebendo a noite, gosto do dia

Na pedra, o desencontro com o chão,

Ainda assim, perfura com olhos que indagam.

Do íntimo assombroso, manhã leitosa,

Apodrecida, se rende aos lábios que se afastam.

Sou e não sou, ponto de vista flutuante,

O sortilégio da pedra onde repousam olhos, a rapina

descreve na atmosfera que como sua presa vai ser morta.

Prendem-se a uma superfície onde a covardia extrema

Se nutre da carne de carneiros indolentes.

Lobos uivam pelas árvores, morte em gargantas,

Tormenta, tempero que a tudo envenena, arrancando

Com dentes pontiagudos a esfera, sangue espirra

Tão negro quanto intolerante, não somos

da águia o seu voo, mas sua fome e seu enjoo,

do batente da janela sabemos o mundo

Onde ratos ladram pus que estiola o presente.

A imprudência inunda o céu da boca da tua obra,

Descendo pela garganta desse abismo de excluídos,

Atiramos pólvora para tua queda,

Pois não és forte, delírio imprevidente;

Apenas tua garganta é insaciável,

Bebendo a noite, saboreando o gosto do dia.