Outra Estação

Havia um cachorro pintado

Numa lápide vazia

Era lindo e leproso

Mas ainda não jazia

Parecia uma cadáver

Mas com vida de sobra

Era o exemplo dos homens

Em uma guerra sangrenta

E aquele cachorro seguia-me,

dia e noite

Trazendo a lembrança dos dias

Dos dias que vivo hoje

Com ou sem melodia

Dias sem vento nem chuva,

só ressecamento

Esperando a mão estendida,

o chão menos molhado de flores mortas

Não quero ser utópica,

mas quero meu cachorro sadio

Rita Carvalho Santos
Enviado por Rita Carvalho Santos em 04/02/2024
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