vida

Do solo, a ascensão se inicia, elevando o pássaro ao zênite.

E neste salto, em direção ao destino, um abismo se revela -

Em chamas, a paixão desértica, letal e sem júbilo,

Sal, renitente à fusão com a água doce do ancestral rio,

Não se entrega, mas ao destino se une nas corredeiras do tempo.

Somos o tempo, o rio, no mar nos convertemos,

Nunca meros fragmentos de uma Odisseia;

Seremos heróis, mas também o gemido da terra,

O eco da dor mais inesperada - aquele que aos céus arremessa o machado,

Machados em rotação, predestinados ao corte,

E o que sobra é a cicatriz mais insólita deste evento.

Todavia, à margem do rio, sobre o verde luminoso, dançaremos,

Sob uma atmosfera de ternura, nossas mãos se unirão,

E nossos olhares cúmplices se encontrarão,

Porque a cada momento morremos e no abraço renascemos,

Que nosso ser para o enlace desperta,

Tua língua na minha, a tua pele entre meus dentes,

E a marca deixada será o progenitor de pedras que ao choque geram fogo,

E deste fogo, uma nova linhagem entoará

O hino do porvir, onde todos reconhecerão que a vida

Reside em nós, nós somos a vida e na vida persistiremos,

Até que, no derradeiro alento, as veias deixem de guiar

O sangue ao coração que em busca da harmonia perfeita sempre pulsou,

Ajustando-se a cada emoção, modulando-se ao imprevisto.

Bárbaros, ao redor do fogo dançaremos,

Observando o outro, percebendo que o amor

Ainda é demasiado jovem para decifrar tantos símbolos da vida,

Que nos ocultam sua face mais ansiada, tão elusiva quanto desejada.