a menina que dança

Sob um manto de nuvens dança a menina, luz do sol,

Frescor e encanto se fundem, dia esplendoroso revela.

Na alegria silente, dissonâncias são esquecidas,

Pois retornar assemelha-se ao partir, amar é parecido

Com a repulsa, tão comum, mas a vida não se prende

À ida ou à volta, vive-se no girar, no ser que se contorce,

Não é sombra que confunde, nem luz solar que ao chão castiga,

Mas na inconstância, na experiência assombrosa que se vive,

Na incessante dança de nascer, de morrer, repetindo

Que a soma pode divergir, ainda que pedras no caminho encontre,

Sob essa exaltada sinfonia, a menina salta, ri, dança,

Ela e os meninos tecem o mais glorioso espetáculo, pois

Quem observa também participa, o menino é a menina,

Dançando sob o sol, na fervorosa cascata de sentido,

Amado e travesso, em seu estridente silêncio, o encanto

Que céu e terra unem, e todos ligados pela mesma essência,

A canção sussurrada, que poros e palmas narram, fala

De nascer, crescer, luz nas trevas tornar-se, comunicar

Ao musgo, à delícia de quase morrer a cada instante, que

Também dança, e seus olhos são naves entre folhas, pedras,

Nas ondas de cada vale, molhando-se em areias cadeiantes,

Atuantes, afetados, todos parte do improviso e da história,

Herança do pai, do avô, memória de uma dança ancestral,

Revelando que a vida, em sua essência, dança quando vive.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 10/02/2024
Reeditado em 10/02/2024
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