Desamores

Lança sobre meu rosto

O fel que te amarga.

Plante em mim a culpa

que a sua insegurança fez.

 

Se isso enfim te conforta

e se também não te importa

qual face espelha a verdade,

faça da luz, incerteza!

crie do azul, a tristeza

e do amanhã, mais saudade.

 

Pode a mão que acarinha,

tocar no sentido de posse?

Pode querer o domínio,

ser mais abrangente que a entrega?

Não negue o ato que é fato,

está na história o relato,

de quem só promete o que nega.

 

Se teu sentir não respeita,

se teu querer angustia,

procure no ser, transparência!

Não pode ser substituta

a dor, da espontânea alegria,

pois é no raiar de outro dia

que amar alicerça sua essência!