O castigo de Prometeu (ou Antes que a gente seja Luz)
O único paradigma do que somos,
ainda é o "outro"...
Espelho que nos rodeia a todo instante
em todos os lugares...queiramos ou não...
Conhecidos,desconhecidos,amigos,inimigos (?)...
todos eles...de alguma forma
são partes de nós mesmos,espalhadas por aí...
E nós mesmos, partes deles...
queiram ou não...
Desde que a heresia da separatividade
se impôs,nos pensamos individuais...
e no outro tememos aquilo que somos..
sem mesmo o saber...
"Não, eu não sou tão mau...
não, eu tenho um coração
não sou assim como meu irmão..."
(dizia o Fasriseu)...
Mesmo que em seus olhos eu enxergue
a minha verdade, o primeiro impulso
é sempre a negação...
a desconexão...
Afinal, o que seria desse mundo artificial
que nós criamos à nossa volta
se fosse todo diluído no "outro"?
Refletir, refletir...e ver seu reflexo
devolvido...nessa dança aparentemente
sem sentido da vida...
Isso quando, fascinados por nossa própria imagem
não nos atiramos no lago profundo da existência
para não ter de encarar outras imagens...
a não ser a nossa...
Quanto ao fogo, se bem me lembro,não nos pertence mais
desde que a Divindade
o resgatou das mãos de Prometeu...que, pela eternidade
cumpre seu cruel castigo...só por desejar
dar luz própria à humanidade...
Desde então...imaginamos ser donos de uma luz
que não é nossa...e assim vagamos pelo mundo
nos refletindo...uns aos outros...sempre...
Mito, ou verdade?