NUNCA MAIS

O tempo apaga experiências e lembranças.

Assim, tudo que somos desaparece

para que a vida permaneça

como transformação e mudança

ao sabor de triviais despedidas.

A memória é como a chama frágil de uma vela

provisoriamente brilhante no absoluto turvo do esquecimento.

No fim se rende a escuridão e ao silêncio.

Afinal, não existe instabilidade no instante.

Apenas a indeterminação de seguir adiante.

A eternidade é um infinito esquecimento

onde tudo é distância, movimento e desaparecimento

no ritmo do eterno retorno de um nunca mais visto.

Nunca mais há de ser como antes.

Nunca mais será como adiante.

Nunca mais,

desde o primeiro ao último instante,

nunca mais.

Haverá, agora e sempre,

dentro e através de nós

algum nunca mais

enquanto o pó e os anos

se acumulam

sobre a estante de livros antigos e

sempre fechados.

Nunca mais!

Clio jaz morta!