o mar se fazendo mar

O mar se faz mar, amando-se em ondas que se abraçam,

Homens, sombras vestidas, caminham pelas praias de si mesmos,

O remo, nas mãos, é mais que madeira: é extensão da alma,

Alguns se perdem no canto profundo do abismo,

Outros, em braçadas firmes, cortam águas, aprendizes da antiga arte de flutuar,

O vento, ah, esse guardo em silêncio,

Os relâmpagos, em celeste fúria, iluminam as águas sombrias,

Desenhando promessas de mistérios não revelados,

No peito de cada homem, o coração bate forte, quase saltando pela boca,

E a língua, essa artista, pinta esperanças de novos mundos,

Ilhas acolhem, em seu abraço, o sonho e o descanso,

Na viagem de volta, mãos leem a terra, descobrindo forças escondidas,

Os olhos, mais falantes que a boca, declaram verdades silenciosas,

Mas no fim, reconhecemo-nos todos: filhos do imenso mar.