Farias 77 e o teu neto já tem 7

Nunca me faltam palavras,

mas não sei o que dizer

Eu costumo lembrar

Jamais vou te esquecer

7 é só um número

77 também

O teu filho, o teu neto

vida é vai e vem

Não foi para rimar

que decidi escrever

Foi para tentar estancar

essa dor de viver

Vida breve

Pensamento alerta

Ansiedade constante

Vigilância abjeta

Cuidar de si mesmo

Eis a maior das questões

Não nos ensinam os pais

Muito menos os sermões

Tua palavra, gritada,

ecoou em meu ser

Minha palavra errada

Minha dor em ti perder

Este grito ainda trago,

enjaulado em meu ser

Sofrimento é herança,

mas leva a fenecer

São palavras bonitas

que eu queria escrever

Solapar essas perdas,

contemplar o viver

É o grito

A garganta

Este escarro

Tua manta

A lembrança

A esperança

A doença

E a matança

Guardo tudo isso

dentro do coração

Mas a dor, que hoje dói,

levarei pro caixão

Ao meu filho, de herança,

só o teu olhar de amor

Tua palavra de incentivo,

eu não guardo rancor

Eduardo Silveira de Menezes
Enviado por Eduardo Silveira de Menezes em 25/03/2024
Reeditado em 25/03/2024
Código do texto: T8027877
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