Pudor

Onde o ter? o dizer sem pudor,

que para as águas infindas do amor diz:

— Azul e amarelo é pouco para a ti dispor -

Quero transbordar em ti o meu calor.

E o calor tu lembras — que queima -

eu digo — calorosa ceia - fogo da vida.

Pintar lhe perfeita a pura dor,

ouvirá tu então? a nua cintilante,

flor silvestre de meu peito sem receios.

Cantar o que vê, sentir o que ouve, ouvir o que canta.

— És um perfume destes raros - digo

— És o coro da infância - vivido a plena cana.

Como contar ? a ti tudo que há,

até a mim não sei falar !

a língua me transborda, até cansada calar.

Vamos dançar ! Talvez disso brilhe um ponto no ar.

Entre almas gritantes, não há ponte,

Vista ao longe, que pouco deslumbra.

A vida é um clarão ! sóis radiantes, calos.

Brilha em meu coração, algo demais,

não sei lhe contar, não sei nem me ocupar.

A! Cintila na brisa ou no tufão, sem parar.

És teu tal mar, contar as águas a quem se afoga no ar,

corpos nus ! sonho até cansar, em pleno contemplar.

— A! enfim, és como eu - órgãos a funcionar.

Não preciso lhe contar, se não sabes, saberá.

E vou andar então, para longe te esperar.

Quem grita — A! não vejo todo o mar -

Luana Cezar
Enviado por Luana Cezar em 29/03/2024
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