Em um Mapa sem Cachorros

Em um dia fúnebre

Antes da hora

Do Mês dito Agosto

O prato do pranto

Foi a flor que chora

Frio e nunca no ponto

O meu verso é dessa

Forma: fugidio inexato

O sangue não é lágrima

Mas bóia no mesmo prato

E eu de mim tudo perdi

Ao olhar inconformado

Os dias no calendário

Rasgados e putrefatos

Para dizer do tempo: venci

E nunca de fato

Ter o tempo segurado

Umas vezes ele me prendia

Nas outras me degolava

E o sangue doce foi

Uma mesa vazia

De esperar e embaraço

Tudo o que eu antes dizia

Hoje me olha estupefato

Frangalhos meu sonho inútil

Outroras meus simulacros

Nem fingir mais eu sei

De tanto que me zombaram

E se o verso me verte algo

Me exaspera ser: enfático

Sou a metade do caminho

De um fim que nunca sabe

A que veio aonde termina

se depois de tanta armadilha

Compensa todo vil pedaço.

DO Livro Em um mapa sem cachorros

Publicado no Livro Cinquenta

Julio Urrutiaga Almada
Enviado por Julio Urrutiaga Almada em 02/04/2024
Código do texto: T8033166
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.