MORRER ...

Talvez eu morra

ainda hoje

afogado em tédio,

angústia e impotência,

a espera de algum fim do mundo.

Talvez, depois de um intenso

e quase eterno segundo,

de confusão e agonia,

eu caia de vez no fundo

do meu vazio mais que profundo.

Morrer é se livrar de tudo.

Até de si mesmo.

É radicalmente desimportar-se.

É um desacontecimento,

um inacabamento,

ou um adiamento definitivo

de quem fomos.