Poema emendado (ou Catarse)
Afinal, esse exagero de sensibilidade
tão celebrado em verso e prosa
nada compra e nada leva deste mundo
e se tem alguma utilidade
é de verter algumas lágrimas comovidas
ou sorriso extasiado
diante de um possível insight
que alguém já teve antes
em algum momento (que pode ser o agora)
em algum lugar do mundo (que pode ser o aqui, bem próximo)
mas que, de modo algum é original
e único...embora a pretensão
seja imensa...e ás vezes, descabida...
porque essa mente que trabalha
o tempo inteiro, só deseja glórias
e jamais ser esquecida...
mas se ela se olhasse com sinceridade
absoluta, veria somente imitação
de si mesma e dos outros dizeres
dispersos no prodigioso mundo digital..
no entanto, nunca parece nada de mal
ir libertando a criatividade...em uma
suprema catarse universal...por isso
dizer a mesma coisa de mil formas diferentes
é o desafio que se propõe ao mundo
numa incansável busca de simplicidade
que às vezes se supõe encontrar
mas que acaba se perdendo...no torvelinho
das palavras...para dificilmente ser achada
...e, se é verdade que a morte leva tudo...
levará também essa exaltada sensibilidade...
esse elogio perene à imortalidade...
poeira dourada de todas as ilusões.