Um poema soprado (exposição Maria Bethânia, no Itaú cultural - S.Paulo, Av. Paulista, 04/05/2024)

"Comer o passado como pão de fome"

Eh eh, eu que sei tanta coisa

Que não sei o seu segredo

Comer o passado como pão de fome, sem manteiga

Eh eh, sacio eu a fome que me devora

Eu, menino sem pai, sem mãe

Menino sem pátria

Eh eh

Que chego lá longe

Em terras tantas que não conheço

E vejo

Com olhos de genuína curiosidade

O mundo aberto qual livro à estante da memória

Eh eh

Que hoje sacio a fome

Não de pão

Mas de saudade

Eh eh

Que chegue o dia

Para eu brindar a ti

Amigo, amante, irmão

Quem chegar, chegou

Eh eh

É dia de festa