DESABO
Dia de faxina no céu...água que desaba!
móveis sendo arrastados, trovejando
tem gorjeios de alegria, banho do dia
tem dança de verdes, ao som dessa melodia
Tem eu aqui, presa pela dicotomia da vida
Livre sem o ser, presa sem amarras
o cheiro no ar me chama a ser, atrevida
a vida reta me breca e me faz contida
Assentada sobre meus pensamentos
sinto-me de braços abertos ao vento
sendo banhada pela chuva abençoada
renovando em mim nobres sentimentos
O amor à vida, aos seus intentos
o respeito ao tempo, imponente, implacável
a compreensão do sofrimento, essa dor palpável
o valor do amor, santo remédio curador
Me rendo às corredeiras, verto cristais de sal
imito a chuva , e desabo, torrencial!