Cotovelo estranho

Deixe disso, sem retórica

Vamos falar de genética

Diga se tem medo de risada

Percebi um fingimento

E de um modo bem sincero, confesso:

estava errado o meu conceito

O que vê por este espelho,

Esclarece,

se o que vejo é o que acho

Quero bem o ser de fora

e conversar com o de dentro

Vamos olhar o seu passado

Lembro bem desse seu medo

Trovão seco, chuva curta

O trinco que se abria

Era a chave que te trancava

Quando pega de surpresa

se encolhia num chão de breu

E ficava

Ficou contente, meio cismada

Sentiu cedo no tronco

um cotovelo estranho

Cutucada pelo jeito ridículo

Febril, calada, preferiu o trauma

O ambiente urbano ri

A lua nova é só uma rocha

Mas mesmo assim, criança

Pela última vez, peço

Nem que minta

Sorri

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 09/01/2008
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