MEUS POEMAS

São como fotos, os meus poemas.

Tentam captar momentos únicos,

sob a ótica de um tema,

ou de um sentimento

que o substitua.

Se fossem perfeitos,

teriam não só a imagem,

mas a cor e os cheiros,

o toque e o sabor,

o sentimento

e a aspereza quase tátil

da realidade.

Mas são só poemas,

a sua verdade é só a minha,

e a minha arte

é apenas um passo pequeno,

fugaz e miúdo,

nesse tanto de chão a percorrer.

Estão tão longe dessa perfeição

que, escrevê-los,

apenas entorpece a dor

de não saber mais

como fazê-los melhores,

e realça o travo amargo

do limite descoberto.

Mas eles são a mancha

no meu braço nu,

a veia repetidamente furada

rumo ao fim...

o meu maior vício !

Um presente que,

vaidoso que sou,

partilho com os outros,

mas que dou a mim...

Jan 2008