A queda do castelo dos sonhos

É preciso recolher as cinzas

do velho barraco dos sonhos,

retirar estacas do peito, vestígios da alma.

E se dos sonhos restarem estilhaços sobre o azulejo

Da sala com sua tristeza parada

melhor lança-los fora,

cacos de vidro se perdem na brevidade da vida.

Sonhos vêm e vão e todos caminhamos entupidos deles e somos aquilo que sonhamos.

Porque sonhar é sofreguidão do viver

Porque viver é sonhar e sofrer,

nas mãos escorre um rio de sonhos.

É preciso levar o rio,

ou deixá-lo a deriva, solto.

E construir outro poema sugado da seiva

esgotada da vida,

(Se vida ainda houver),

É preciso ir de volta

Não ao coração vazio de si

E a esse corpo morto,

De volta própria vida como ela há de ser:

Delírio cego do nosso nome.

No deserto inexplicável por onde passa essa vida viúva

miúda

eu me abandono ausente ao infinito verbo amar

E o sonho em mim se alaga desertamente.

Geovane Belo
Enviado por Geovane Belo em 08/12/2005
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