Poema Inacabado

Eu sou um poema inacabado,

Riscado sobre o papel de pão

Quando o lápis estando abandonado

Sem saber juntou-se à mão.

Sou as palavras deixadas à própria sorte,

Tantas vezes sem nada significar,

Hora sou vida, noutra hora sou morte,

Mas todo o tempo tento expressar.

O imenso carinho entregue aos pés,

Recusado, com delicada atenção

O lamento cansado de tanto revés,

Delírio, fantasia, devaneio e alucinação.

Inacabado, pois no momento exato,

Em que se entrega não se faz verso

Antes confuso se torna o retrato

Do que no silêncio jaz submerso

Mas o fragmento restante desta poesia

Tola, sem rimas, sem forma ou vida

Recolhida a um canto na casa fria

Permanece calada e adormecida

Pois eu sou um poema inacabado,

Buscando ainda alcançar teu olhar

Mesmo que jamais seja recitado

Palavras soltas que se perdem no ar.

Edson Gomes
Enviado por Edson Gomes em 09/12/2005
Código do texto: T82950