FINGIDOR

FINGIDOR

(Ivone Carvalho)

Finge o poeta se o coração está vazio,

Assume histórias por outros vividos,

Cria romances, expõe sonhos, é sempre sutil,

Transcende a alma e o coração feridos.

Quem sabe da dor que dilacera o seu peito

Ou conhece as lágrimas que alagam su’alma?

O sangue corrente em canal estreito,

O suor aflitivo de sua palma?

O poeta, sorrindo, canta, (in)feliz, o amor,

Sugere se encontrar acima da tristeza,

Diz que é amado, com emoção e fervor,

Como se amado fosse, com júbilo e destreza.

Canta, o poeta, a paixão sem regras, sem limite,

A felicidade que nem sempre existe!

Rima versos molhados pelo seu pranto.

Canta a saudade que destrói seu coração,

Invoca, delirando, por mais atenção!

Abriga, no seu peito, o desencanto.

Mas se está feliz, ninguém o segura!

Abre a sua alma, partilha o seu momento!

Compõe versos com sonoridade e ternura,

Transpira o amor, exala o olor do seu pensamento!

A poesia se encontra no seu imo,

Na vida, no coração, na natureza,

Por isso, todo poeta é um menino,

No seu âmago reside a pureza!

IVONE CARVALHO
Enviado por IVONE CARVALHO em 29/01/2008
Reeditado em 29/01/2008
Código do texto: T837307