Efêmero

A rua, caminho largo por onde passamos, segue.

A sentinela da vida persegue os raios mornos da lua

E percebe: haverá muito ainda por esperar.

A chuva cai, tamborilam canções nos telhados úmidos

E nossa hora é mais tranqüila, mais amena, mais aconchegante.

Nesse instante, somos sonhos de outrora, veludo que cobre e aquece.

A nossa, a minha, a sua, essência inefável que mora nessa caixinha de pandora, nosso peito,

Caminha nua pelos vales perfeitos e esvoaça a face ao vento.

Vivem os cânticos tribais que batucam, tum, tum, tum.

Hosana! Hosana!

A saudação tilinta com o efêmero e fértil existir.

Cabe aqui, na palma da minha mão, o labirinto por onde hei de passar.

Caberá em cada mão a chance de tentar sair...

O ponteiro de relógio nos lembra

De coisas que ainda estão por vir

E submete-nos a loucuras irreais.

Mas, onde fica o barco e nosso cais?

Lembremos que, por mais que fugimos, nossa sombra nos segue.

Saboreemos então, o néctar e brindemos à seiva

Deitados na relva, olhando a fronde das árvores:

Lá mora o sabor que brisa causa ao descansarmos.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 30/01/2008
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