EM MEIO AO NADA

No asfalto quente uma fresta que rompe

água da chuva, restos, poeira

acúmulo, adubo sem eira

aos poucos um resquício de vida

desponta, aponta, resiste

Entre largas passadas da vida agitada

pés descalços

biroscas, peladas

pipas içadas, cortantes

balas perdidas, vidas ceifadas

Brota o verde, sobrevivente imponente

como a tentar proteger

desafiando leis

rasgando cimento armado

mostrando a força que tem

E, em meio à tantas agruras

do dia a dia massante,

dessa luta impávida

desse viver desgastante

ecoa da fresta um grito

mudo, calado

exaurido

O grito da esperança

que cala, mas nunca se cansa!

Monica San
Enviado por Monica San em 02/02/2008
Código do texto: T844003
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