"Óculos e Séculos"

Hoje, ao rever minhas raízes

Entendo quão são longas e longínquas,

Que atravessam o mar às folhas cá

Que outrora bailavam, à míngua!

Há tanto o que pensar

Em pensamentos imensos imersos;

Minhas profundezas de mar

Dão ondas de tamanhos seculares:

Óculos e séculos no olhar!

Meu cabelo ondulado dorme enorme

Repartido ao meio pelos ventos:

De um lado ondas lusas

D’outro, brasileiras e cafuzas;

Vagos tempos, não sentimentos!

Tenho faces de oceano

Suor e lágrima, sol e sal!

Derramo-me o que amo

E ao meu mundo me proclamo:

Tanto sou em mim um fulano de tal

Quanto escravo fujão tropical!

Falo versos de rima pobre

Todavia, vivo poesia nobre!