SILÊNCIO (22/02/2007 => 2:27 - 2:59)
Às vezes, o rugido do silêncio
É mais potente que uma orquestra inteira.
O que o barulho da água
Não cala
E a ausência de seu olhar
Não satisfaz
É preenchido pelo ritmo
De um relógio invisível
E revestido pela escuridão
Aonde eu sou abandonado.
Eu tenho medo do rugido de duas solidões
Porque ensurdece mais do que o choro de um recém-nascido.
Tão potente é a ausência,
Pois o que assusta
É a constante possibilidade da presença,
Relembrada incessantemente
Pelo estalar das unhas sendo cortadas
Pelo soar de seu nariz
Pelo estrondo do cuspe se chocando contra a parede.
Um vendo o outro.
Nus.
Às vezes, a presença do silêncio
Lembra da ausência aqui de dentro.
E sempre que o silêncio se cala
A orquestra aqui dentro nunca hesita em explodir.
Um crossing-over que não acontece
E não vai acontecer
Porque a única porta se fechou
Para sempre.