SILÊNCIO (22/02/2007 => 2:27 - 2:59)

Às vezes, o rugido do silêncio

É mais potente que uma orquestra inteira.

O que o barulho da água

Não cala

E a ausência de seu olhar

Não satisfaz

É preenchido pelo ritmo

De um relógio invisível

E revestido pela escuridão

Aonde eu sou abandonado.

Eu tenho medo do rugido de duas solidões

Porque ensurdece mais do que o choro de um recém-nascido.

Tão potente é a ausência,

Pois o que assusta

É a constante possibilidade da presença,

Relembrada incessantemente

Pelo estalar das unhas sendo cortadas

Pelo soar de seu nariz

Pelo estrondo do cuspe se chocando contra a parede.

Um vendo o outro.

Nus.

Às vezes, a presença do silêncio

Lembra da ausência aqui de dentro.

E sempre que o silêncio se cala

A orquestra aqui dentro nunca hesita em explodir.

Um crossing-over que não acontece

E não vai acontecer

Porque a única porta se fechou

Para sempre.

LEONARDO HORTMANN
Enviado por LEONARDO HORTMANN em 11/03/2008
Reeditado em 19/10/2010
Código do texto: T896998
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