Peregrino

Sou de muito longe...

Lá não existem pedras

Tão pouco água na fonte

Apenas uma célula gigante,

Que abraça o céu distante,

Para enfim içar as velas...

Sou ainda cacique...

De uma tribo sem cabana

Réu primário por ser livre,

Animal ferido na savana...

Sou verdade caminheira

A vagar na contra-mão...

Sou do fim, saudade passageira

Onde das asas faço revoada,

Do ninho, a minha casa,

Do sol, meu coração...

Sou aquele peregrino

Que hora vive a plainar

Anunciando em desatino,

O tão árduo das quebradas,

O sonho de sementes plantadas,

Que daqui apontam para o mar...