ORVALHO EM ÚLTIMO SUSPIRO

Ternamente cantei em giro

retilíneo e curvo, seco

mas pelo perdão de exílio

quero cultivar o extra

mastigar o mórbido grito

de poeta e poeta vivo

que não abandona...

o fraco cantar de grilo

cultivo, menos cultivo

mas quero poesia

registro que traduz

a gota do orvalho frio

mesmo assim - poeta -

pedra, pau, tijolo, viga

poeta até no sangue

como leucemia literária

poeta como regra de via

não mero paciente de dor

mas vivo, vida em corte

poeta e poeta, pelo cativar

faço verso como café

no meio da noite

poeta, porque a vida é poesia

como pelo fim poeta

poeta até o último suspiro

poeta, poeta, cantor-da-vida.

Ozimar Júnior
Enviado por Ozimar Júnior em 26/12/2005
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T90696