E no hospital...

Não se vê a noite aqui

As luzes incandescentes

Os quartos cremes

As camas castanhas

Guardam mansidão

Mas há solidão

Há silêncio aqui

Todo dia é noite

Mas não se vê a lua

Não se vê estrela

Há passos aqui

E no silêncio da noite

Ouvem-se passos tic-tateando

No ladrilho bege

Que se estendem

por longos corredores

Há rumor aqui

Na noite, que não é noite

Uma campainha

Soa constantemente

Há elevador aqui

E alegres atendentes

Elas vêm e vão

Zig-zagueando sem parar

Há médicos aqui

Eles labutam cansados,

Sonâmbulos, gloriosos

E correm...

Há muitos seres aqui

Animados, inanimados

Esperançosos, desesperados

Há doentes aqui

Enfermos, moribundos

Os que temem a morte

Os que sonham com ela

Os que choram de dor

Os que gemem sem fala

Os que clamam a Deus

Os que oram e se calam

Há uma mulher aqui

Que se veste de verde

Que se enrola no leito

Que chora mansinho

Que geme sem fala

Que clama a Deus

Que ora e se cala

Alaide Santos
Enviado por Alaide Santos em 30/12/2005
Reeditado em 30/12/2005
Código do texto: T92203