E no hospital...
Não se vê a noite aqui
As luzes incandescentes
Os quartos cremes
As camas castanhas
Guardam mansidão
Mas há solidão
Há silêncio aqui
Todo dia é noite
Mas não se vê a lua
Não se vê estrela
Há passos aqui
E no silêncio da noite
Ouvem-se passos tic-tateando
No ladrilho bege
Que se estendem
por longos corredores
Há rumor aqui
Na noite, que não é noite
Uma campainha
Soa constantemente
Há elevador aqui
E alegres atendentes
Elas vêm e vão
Zig-zagueando sem parar
Há médicos aqui
Eles labutam cansados,
Sonâmbulos, gloriosos
E correm...
Há muitos seres aqui
Animados, inanimados
Esperançosos, desesperados
Há doentes aqui
Enfermos, moribundos
Os que temem a morte
Os que sonham com ela
Os que choram de dor
Os que gemem sem fala
Os que clamam a Deus
Os que oram e se calam
Há uma mulher aqui
Que se veste de verde
Que se enrola no leito
Que chora mansinho
Que geme sem fala
Que clama a Deus
Que ora e se cala