Nem ao céu nem ao inferno
Santas Marias
Madalenas arrependidas
no corpo cravadas
as feridas cicatrizadas.
Bruxas malditas
herejes, feministas
na fogueira queimadas
na vida sublocadas
usadas, usufruidas
incompreendidas
maltratadas.
Putas, vadias
profanas e doidivanas
blásfemas sem eira
agredidas, surradas
da vida excluídas
vagabundas
nas sargetas atiradas
Ventre bendito
milagre bem vindo
da vida precursora
nas guerras e batalhas
baluarte que sustenta
mão que acalanta
seio que alimenta
Hoje apenas Mulher
sonhadora, sofredora
amante, lutadora
nem puta nem santa
nem condenada
nem redimida
apenas sedenta
de amor e de vida.