Sentimento sem tento

Não me importa muito mais o tempo

Cheguei num ponto onde sou por mim mesmo

E as coisas acontecem sem muito esforço meu

Entenda, não é indiferença

Simplesmente é muito difícil mudar a rota

Peguei o embalo e não vou parar

É claro que dói ver o que ficou pra trás

Quem ficou pra trás

Mesmo assim meu passo é certo e ligeiro

Até onde eu consigo ver

Às vezes me sinto sozinho

Às vezes tua lembrança vem

Desacelera meu ritmo, me tira a calma

Sentimento sem nome, sem tempo, sem tento

Alumia meu caminho, me dá um fito

Me lembra de mim mesmo

Do que sou em última instância

Longe do esforço insano da luta cotidiana

E das tolices que finjo acreditar

Ouça-me, sinta-me, não duvide nunca

Este sentimento não é um delírio poético

Nem capricho mesquinho do meu ego

Não saber como chamá-lo ou materializá-lo

Não o faz menos intenso e verdadeiro

E o fato de ser unilateral

Apesar de desqualificá-lo

Não me faz deixar de senti-lo por inteiro

Talvez um dia a Lua te leve um sorriso meu

E a brisa da madrugada te pareça diferente

Talvez compreenda minha estranheza

E minha impaciência freqüente

Senhora, meu sentimento não mudou

Não desgastou com os anos

Nem ao menos balançou

Mantem-se anônimo, encoberto

No conforto da morada mais elevada

Onde pus pra ninguém tocar

Enquanto cá embaixo linda estás

Enquanto não encontro jeito pra falar

Enquanto não te conquistei pra te Amar

01/mai/2007