POETAS DE TODO O MUNDO, ACORDAI-VOS

Haveis, poetas,

de exaltar as imperfeições.

Haveis de perceber

os dentes amarelados,

às vezes intransigentes,

sem respeitar o espaço dos demais,

e que tornam humanos

os sorrisos de vossas musas.

Haveis de atentar

para as faces rosadas

de cosméticos, disfarçando

as marcas das explosões

hormonais adolescentes.

Haveis, poetas ingênuos,

que entender os andares prosaicos,

por vezes rudes,

conquanto,

tão singelos,

mas que nunca retrataríeis

em versos quaisquer.

Haveis de querer, mestres das palavras,

como quereríeis perder-se

em olhos de tons únicos,

os olhos sinceros,

em que vós confiais,

sejam eles castanhos ou pretos.

Vós não precisais

de olhos verdes a elogiar.

Poetas de todo o mundo,

acordai-vos:

é pelos defeitos

que vos apaixonais!