AMOR MORALISTA

Você disse que me amava

Disse que não traía

Disse que não fingia

Disse que não me enganava

Porém, sua máscara caiu

A minha também ruiu

Pois eu também te enganava e traía

Dizia que te amava e fingia

Já estou farto da monogamia!

Esta falsa incorporada em nossos dias

Através da noção de propriedade

Instituída m nossa sociedade

Leitor, não se engane com o amor

Ele existe, mas acaba com o tempo

Não se esqueça que o desejo é um fervor

Que juntamente ao amor vira um tormento

Este amor que falo é moralista

Que diz: “reprima seus desejos

Esqueça que houve mais um ensejo

De livrar-se dessa relação absolutista”

Mas, eu grito com a moral:

Tu és falsa e patriarcal!

Enquanto os homens se divertem na mutreta

As mulheres devem ouvir maridos picaretas

Agora, tu estás ruindo

Pois apesar de, continuar, o machismo

As mulheres traem, menos obedientes ao moralismo

Enquanto permaneço, disso tudo, rindo

Porém continuam os casais de aparências

Dos quais tive intensa experiência

E dos quais, leitor, deve fugir

Prefira os desejos, não fique só no sentir

Tomara que em algum tempo

Exista alguém que diga: “eu te amo”

Pois agora só dizem: “você é meu”

É desta apropriação que eu lamento

Espero que você, minha ex-amada

Tenha sido, por mim, a última a ser enganada

Gostaria que você pregasse o amor verdadeiro

Um amor com desejos afora, mas sempre companheiro.

(David Alves Gomes – 2005)

DAVID ALVES GOMES
Enviado por DAVID ALVES GOMES em 16/04/2008
Código do texto: T948784
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