Morro e nasço Eu
Morro na menina molestada,
na calma desequilibrada,
na alma destemperada
sem nuança.
Morro na ausência da estrada.
Morro na infância enfadada,
na energia dissipada
da criança.
Morro no grito dos infelizes,
na cama das meretrizes,
em todas as diretrizes
sem amor.
Morro se ouço o que dizes.
Morro presa numa marquise.
Morro no que banalize
o calor.
Nasço quando eu assimilo.
Nasço de novo ao acaso.
Nasço num dia tranquilo.
Morro com o pouco caso.
Nasço no benfazejo.
Morro se não festejo.
Nasço entre dois lampejos.
Morro se um vem com atraso.
Nasço no mantra de paz.
Nasço se morre o falaz.
Nasço se a vida desfaz
o botão.
Nasço se nasce a flor rubro.
Nasço em amores que encubro.
Nasço nos degraus que subo
sem o chão.
Nasço no amor que tem filhos.
Nasço nos novos brilhos.
Nasço quando cintilo de paixão.