a meio a pairar...
A noite em que incessantemente busco
O amanhecer da alvorada sonhada
Ocorre exactamente quando nada
De novo encontro num novo lusco-fusco.
A Lua é fria e o Sol nasce brusco.
Uma porque a alegria é imaginada,
E o outro porque a mente é iluminada
P’la luz em que, não no sonho, me ofusco.
Acordo noutro mundo imaginado
E recordo os segundos matinais
Que ao acaso revelam os sinais
Do mundo em que a dormir fui afastado.
Perante mim ‘stá um mundo sonhado.
Uma esfera de sonhos desiguais
Desenrola-se em tapetes reais.
Pena ainda não estar acordado.
P’ra quê a noção de estar a sonhar?
Ou então, porque acordado a não tenho?
Se sei que ainda sonho não contenho
A vontade daí querer ficar.
É por largos caminhos que me venho
Do mundo do sonho para acordar.
Por eles a deslizar sem lembrar
Que caio para um mundo que desdenho.
Queria ficar a meio a pairar...