Paixão de infância

Era uma tarde safira e serena

sobre finas nuvens em ouro e topázios,

e meus olhos miravam o invisível horizonte.

Os ipês dansavam, me perfumavam de tempos antigos,

me arremeçavam notícias breves,

e os pombos arrulhavam no trigal

e se banhavam na poeira.

A mata cheia de música,

de papagaios vermelhos a borbulhar no cipreste,

revelavam os amores que há dentre do grande amor.

E o vento efêmero, candente,

me acariciava com seu corpo cheio de poesias,

e meus olhos aguados,

circulavam pelos faróis da Via-láctea,

em busca de outros crepúsculos,

de outras noites,

sem ausências, sem desenganos.