casa de barro
Fico a rondar pela cidade,
Cabeça no mundo da lua,
Um corpo sem a metade,
Na boca a saliva sua.
Tentei achar um lugar,
Que me faça o tempo conter,
Sem que nela possa pensar,
E a saudade venha envolver.
Ainda tenho em meu lenço,
O teu batom bem colorido,
Por toda vez que olho, penso,
Marcas de um beijo escondido.
Meu coração sofre constante,
Deixo a vontade me censurar,
Se fechar os olhos sou petulante,
Não vejo o vento passar.
Vou despir teu corpo com os dedos,
Deitá-la na palma da mão,
Decifrar todos segredos,
Te amar na cama ou no chão.
Construir ali novo planeta,
Sem tempestades violenta,
O mel da língua, nossa chupeta,
A pele que veste a pimenta.
A fauna erótica da arca,
O abraço da nuvem na lua,
O eclipse que sempre marca,
Cada metade da rua.
A pena que cobre a gaivota,
É a mesma que corta o vento,
O solado que faz a bota,
Não sabe do solo um por cento.
Nessa escrita estava indeciso,
Sem intrigar assim eu creio,
Demarquei vertical meu juízo,
Tirei de lá um devaneio.
Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Roo.