fugir para que, se fujo daquilo que não quero esquecer

Tanto andei,

tantos lugares passei.

Voltar ao começo, para que?

Já nem me conheço.

De um lado para outro,

fugindo de mim,

fugindo da vida

a procura do fim.

Alegrias, não tenho

mas as marcas que trago

me mostram o empenho, que tive

em meu próprio estrago.

Quantos tropeços eu dei?

Quantas vidas marquei?

Que herança deixei?

A não ser amargura.

Amei, traí,

fiz sofrer e sofri,

tenho o dom que herdei

de magoar quem amei.

Alegrias que tive,

no passado deixei.

Deixei no passado o sorriso,

o amor que perdi.

Amei um amor proibido,

escondido, bandido.

Só não é esquecido

pois não o quero esquecer.

E carrego a lembrança

agarrado à esperança

de poder reviver.

Não voltar ao começo,

que meu começo acabou

nosso tempo passou.

Chega a ser engraçado

que esse corpo cansado

seja mais castigado

pelo monstro passado

que ele próprio criou.

E amou.

helio ahcor
Enviado por helio ahcor em 25/04/2008
Código do texto: T962122
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