Tempo e paciência
Um papel pra escrever
dessa vez não conforta
Não se dá por contente
Se esconde no concreto
E recusa o conserto
Faz a mágoa nascer, doente
Ele apanha e não cresce
Quer deter mas desata
Amanhã ele acorda
O trem na plataforma
E seu rosto retraça
Ganha um vinco profundo
E reprova
Analisa o espelho
Aposenta os detalhes
Em troca de um apelo
Ele acontece e retém
Assimila e retarda
Aproveita e retira
A dor que dormia
Amedrontada, e a coragem
Só no papel, no rabisco
Na violência do traço
Que esclarece, é certo
Mas embaraça
O futuro pensado
Já não é o de longe
Quer cortornar o amanhã
Ou eternizar esta noite
Repensar o porvir
consagrando o passado
Expectativa:
não quer o céu ensolarado
Quer o nublado
Recusar o percurso
e o vício das novidades