Um portal de maresia
Tantas palmeiras a beira mar,
Num jardim de areia quente,
Vão segredos e vem buscar,
Nas ondas que o peito sente.
Um portal nas maresias,
A espuma que banha meus pés,
Águas salgadas e frias,
Das sereias de topless.
Quanta imensidão tem sua margem,
Que meus olhos não vêm o fim,
A brisa leve traz a mensagem,
Sem traduzir, eu fico assim.
Ao meu lado banco de areia,
Conchas e pedras sem vidas,
Um horizonte que me rodeia,
Céu e mar, larga avenida.
Meu lençol azul anil,
Que tremula ao som do vento,
Oh! meu mar, oh! meu Brasil,
Minha alma meu sentimento.
Quantas pegadas ficam na areia,
Até que a chuva venha e apague,
Grande mar a grande veia,
Um pulmão em zig-zag.
Não tem ritmo a tua esfera,
Teu semblante é natural,
Passa verão e primavera,
Mantém o excesso de sal.
Esconde o sol também a lua,
Faz deles um pequeno brinquedo,
Sobre teu colo nada flutua,
Nem teu som, nem teu enredo.
Francisco de Assis Silva, é Bombeiro Militar em Roo.