AS DUAS MARGENS DE UM RIO
As duas margens de um rio
Vivem em pé de guerra
Separadas por um rio bravio
Unidas pela mesma terra
A margem do lado direito
Tem um poder tão soberano
Que reina sobre o leito
De modo tão inumano
E a margem esquerda
É uma margem revolucionária
Que não tolera qualquer perda
Para a margem adversária
Assim as duas margens
Trocam as suas farpas
Não vislumbram do rio, a miragem
Nem o som de sua harpa
São golpeadas sempre nos flancos
Pelo rio que as separa
Derrubando sempre os barrancos
Por um rio que nunca pára
No entanto as margens opostas
São partes de uma mesma unidade
Mesmo que percam suas encostas
São amigas do rio, que é verdade
Pois o rio vai para o mar
E as margens tão lindeiras
Vão com ele desaguar
Como suas eternas companheiras