INFÂNCIA PERDIDA

Nem mais piões nas calçadas...

Nem o riso solto...

Ou o som da corda batendo...

Os pedaços de tijolos

Não riscam mais amarelinhas,

Nem se ouvem gritos dos jogos de pegar,

Mãe da rua, pique bandeira, barra manteiga...

O caixão não mais balança...

Os carrinhos de rolimã se aposentaram.

A rua já não é mais lugar de criança.

Não há mais árvores pra subir,

Nem campinhos, nem quintais...

O som dos carros e buzinas engoliu a rua...

O homem do saco virou verdade

E pode estar bem ao lado...

Grades limitam brincadeiras;

Fechaduras e cadeados

Intimidam amizades...

Não se sabe mais da vizinhança...

Onde então está a criança?

Seu corpo, resumido a mãos em vídeo games,

Sentada em frente à TV

Ou da tela de um pc,

Mas... em segurança...

Tantos os medos que se perdeu

A beleza da infância,

Do brincar sem medo,

Das amizades genuínas,

Da liberdade de apenas ser

Criança...

Mas ainda há rebeldes...

Há quem ouse ser criança

E viver plenamente

A infância que lhe cabe...

Sorrio, com saudade,

Vendo as pipas que ainda ousam

Voar livres pelo céu...