No Banco da Praça
Sentado no banco da praça olhando pra Lua
Mais uma noitada sem graça nessa solidão
É sério que 'a vida é séria e guerra é dura'
Caminhos vermelhos no sangue da desilusão
O metrô que passa lotado não leva alegria
Sua casa com a mesa posta não mostra o amor
Tantas noites pela janela da rua vazia
Poemas e rascunhos tortos no elevador
Se acaso eu pensasse em tudo que me faz pensar
Por acaso talvez eu dormisse depois de chorar
Na chuva que cai tão gelada e arranha o espelho
Meu medo que rompe fronteiras sem me machucar
O ônibus que segue vazio até o próximo ponto
Leva o homem que traz esperança ao entardecer
A janela da rua vazia não mostra o rosto
Do bandido que pula o muro ao anoitecer
Se um dia eu chorasse as mágoas desta solidão
Tentaria voar com as asas de um anjo mau
Em meu leito de leite materno encontro a proteção
Que pela portas dos fundos me acena com desilusão
O metrô que passa lotado despeja agonia
Deste povo que trabalha duro pra ser mais feliz
Encostado no banco da praça eu tento chorar
Vendo a Lua que me acena pra não mais voltar