Fuga

A vida não passa de uma folha de papel em branco,

Onde se pinta o que quer e se escreve o que quiser...

...e na folha branca da minha vida, um dia, sem querer,

Eu te desenhei.

Sem querer porque entre tantos riscos e rabiscos eu procurava traçar um jeito de viver;

Uma maneira de amar que me fizesse bem, que desse sentido, caminho...

E entre tantos traços indefinidos eu já me cansava, eu já me perdia e quase desistia.

Mas na solidão das altas madrugadas,

Uma pena, tinta e papel sempre me vinham à mão como um desabafo,

E protestando contra o desamor, contra o tédio e contra a solidão,

Eu procurava entre linhas tortas, frases e versos, algo que mudasse o meu curso, algo que me desse uma nova rota.

Eu queria fugir, e no silêncio das altas madrugadas

Eu dava o meu grito mudo de protesto dela garganta de uma caneta.

Mas a minha voz azul não podia ser ouvida, ninguém me escutava,

Eu ficava exausto. O relógio do tempo parecia ter parado.

Um segundo durava uma eternidade,

Aquele momento de agonia e de carência parecia interminável.

Eu me sentia como o único habitante de um planeta chamado solidão.

O mundo me parecia apenas um deserto.

Eu que tanto amo o verde, me sentia cego;

Eu que tanto amo a música, me sentia surdo;

Eu que tanto queria amar, me sentia incapaz.

Mas a solidão das altas madrugadas, me trouxe

A companhia de uma caneta de uma folha de papel,

E entre tantos riscos e rabiscos eu tentava encontrar um sorrisso,

Carinho, alguém que me amasse...

...e na folha branca da minha vida, um dia, sem querer,

eu te desenhei.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 24/11/2008
Reeditado em 26/02/2015
Código do texto: T1300051
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