Menina do Pantanal
Morena de negros cabelos, que a beira rio faz uma canção,
Embala seus próprios sonhos sobraçando um cântaro nas mãos,
Pequeninas mãos pantaneiras que na sua lide diária vê o sol beijar o chão,
Assiste o luar clarear as matas e sente o olor gostoso das flores na imensidão,
E nas cercanias de seu coração percebe nascer o amor, o prelúdio de uma paixão.
Menina pantaneira que a beira de lacustre espelho, espelha as tuas belezas,
Não a beleza maquiada, mas a virgem beleza pura,
Exalando sem querer o suave perfume, o perfume da sedução,
Seduzindo com seu meigo canto a natureza viçosa aos seus pés,
E aos seus desnudos pés, sonham os varões em conquistar teu pequenino coração.
Linda flor do pantanal, que faz vibrar de ciúmes as flores junto ao regato,
Quando no seu caminhar silente, seu olhar perdido, ausente, sente,
Um desejo assim latente que você não sabe dizer o que é,
Mas saibas oh princesa pequena, sem seu manto, sem seu cetro, sem tiara a brilhar,
Que no coração de um pantaneiro, seu reinado já se fez iniciar.
Menina do pantanal, em cujos negros olhos, vivem acesa uma fogueira clareando a escuridão,
Dos sonhos e ilusões de um poeta, um cancioneiro, aventureiro e sorrateiro,
Que ousa sondar-te à noite, no piscar intenso dos luzeiros que Deus fez na amplidão,
Na utópica esperança de penetrar em teus sonhos, e em madrugadas de morna brisa,
Caminhar ao léu, sob o manto brilhante dos céus, e entregar-te meu coração.