Quero Ser Ladrão de Almas

Queria ser ladrão de almas, mas não para tê-las comigo

Queria roubar as almas das almas que conheço

Roubar a alma da tristeza das crianças que choram

Roubar a alma da solidão dos que não são abraçados

E seria um ladrão satisfeito, se roubasse de mim todas as almas

A alma da inveja daqueles que desistiram de lutar

A alma da ingratidão de quem, muito tem e nada divide

A alma da mentira do coração dos que conhecem a verdade

Mas que roubaram da verdade a alma da pureza

Queria eu roubar a alma da guerra, dos homens que a beijam

E que, em seus braços, deixaram seus sonhos

Queria eu roubar do mundo, a alma da indiferença

E, de uma vez por todas, eliminar os estigmas

Queria poder roubar nada, de quem quase nada tem

E de quem tem tudo, que só pudessem ver a vida

Como aqueles que não tem quase nada

Digo quase, porque eles ainda têm muito

Eles sim podem roubar da vida

A alma da humildade e da esperança

Bem-aventurados sejam os ladrões das almas

Das almas que roubam só de si mesmo

Quem dera eu ser tão humilde e tão discreto

A ponto de roubar minha própria alma, sem perceber-me.