Nalgum lugar

A vida me sufoca.

Raríssimas são as noites

Que não acordo sufocado.

Já nem sorrio mais,

Há algo em mim que o censura,

Que nem os párocos de outrora

Por que você insiste em dizer-me:

"Entre em contatos com eles,

eles te amam" -

Ante à minha morte?

Deixe-me, ao menos desta vez,

Viver em paz!

Raríssimas são às vezes

Que não recordo o meu passado

De luta, de toques e sons

pelas madrugadas.

Dos corpos trêmulos, embalados,

Nas antigas canções de ninar,

E durmo o meu pranto.

Tenho um quintal.

Flores e frutas abundantes

Que são regados com as lágrimas

Do abandono e da saudade.

Não. Decididamente eu não os abandonei

Deixei-os ir para serem livres!

Assim como qualquer dia,

nalgum lugar

Por não suportar a indiferença,

o esgano lento

Que me sufoca o peito

Me libertarei.

E aceitarei o convite

Do belo engenho que deixaram para mim

Que todos os dias me convence

Que de maneira consciente e equilibrada

Resiliente e sem lágrimas

Devo aceitá-lo

E respirá-lo aliviado

Em paz.

Aí sim, é dado o motivo do sorriso pálido,

pois meu nome será uma vaga Lembrança,

E minha voz um lampejo de saudade.