TREM DAS OITO

Corre desatinado o trem das oito...

Um vagão atrás do outro, cheios de carvão...

Pó, fumaça, fragmentos se acumulam

E deslizam entre os dormentes alinhados.

Os trilhos espiam a nostalgia:

Tempos antes, minutos depois, horas sem data.

A marca das histórias se avoluma,

Os registros retalhados carregam suas memórias.

Ao cruzar o estreito labirinto entre os morros,

O trem cada vez mais se distancia...

Seu destino está atado permanentemente

- Um murmúrio de estampidos se alonga.

À beira do caminho despontam taipas

E o riacho grande respira aliviado.

Sinais no céu de maio trazem nuvens cinzentas,

Desenhando com beleza a imaginação.

As sombras caminham mansamente na estrada.

O trem das oito rompe o silêncio,

Atravessa os extremos constantes e faz

Paragem na velha estação abandonada.

São Paulo, 26 de maio de 2007.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 30/05/2009
Código do texto: T1623239
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