MANHÃ
Vento cego...
Escuridão dormindo
em olhos cerrados.
O vento se enrosca
em árvores.
À luz crua madrigal,
galhos se agitam
em fúria.
No casarão silencioso,
a palpitação de sombras
enrodilhadas, frígidas,
sonolentas.
A última estrela se esvai
no fosco céu.
Nuvens esgarçadas flutuam
no arrastão gigante
do mar.
Passarinhos estremecem de frio
em ninhos perdidos.
Folhas despencam
tontas no espaço.
A janela dos fundos
escapa dos prendedores,
se bate aturdida
na perturbação do silêncio.
Sacudida...
fragmentos da noite passada.
Março de 1977.