MANHÃ

Vento cego...

Escuridão dormindo

em olhos cerrados.

O vento se enrosca

em árvores.

À luz crua madrigal,

galhos se agitam

em fúria.

No casarão silencioso,

a palpitação de sombras

enrodilhadas, frígidas,

sonolentas.

A última estrela se esvai

no fosco céu.

Nuvens esgarçadas flutuam

no arrastão gigante

do mar.

Passarinhos estremecem de frio

em ninhos perdidos.

Folhas despencam

tontas no espaço.

A janela dos fundos

escapa dos prendedores,

se bate aturdida

na perturbação do silêncio.

Sacudida...

fragmentos da noite passada.

Março de 1977.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 09/06/2009
Código do texto: T1639918
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